segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Hábitos culturais e artes

Hábitos culturais e artes.



          A vida celta era centrada em um ambiente rural, sem grandes centros urbanos como Roma. A própria economia baseava-se na agricultura e no pastoreio, sendo que o comércio também tinha grande importância. A vida cotidiana, atualmente, tem sido objeto de vários estudos. Escavações arqueológicas acabaram revelando aldeias com grande grau de conservação, possibilitando uma reprodução mais fidedigna do dia-a-dia celta.


          É sabido que viviam em aldeias de orientação campestre, e descobertas arqueológicas revelam que viviam de maneira simplória em casas de madeira, argila e até pedra. Mas com grande preocupação no que se refere à decoração e ornamentação.




          A casa era uma habitação coletiva onde eles mesmos faziam os próprios alimentos, tecidos e roupas. Mantinham em suas casas um número razoável de utensílios, como armas, foices, facões, enxadas e até peças ornamentais. No centro da casa, ficava o caldeirão sempre aceso, onde cozinhavam, preparavam remédios, aqueciam-se.







                  Estrutura de casa primitiva  – Museu Bru na BóineNewgrange - Irlanda


Reconstrução de casa típica celta em sítio arqueológico em Portugal.



Estrutura de casas em Gales.

Hábitos alimentares

          Sobre os hábitos alimentares, os cereais e as frutas eram comuns no cardápio celta; além da carnes e peixes, todos fruto da caçada que era muito comum. Sabe-se que eles consumiam o Hidromel, uma bebida alcoólica bastante antiga da espécie do vinho e, como o próprio nome sugere, era obtida através da mistura do mel e da água.



Os banquetes celtas eram frequentes e fartos. Eram um evento social importante que promovia a união da tribo.

A parte do campeão

       Logo após uma batalha, vitórias ou uma boa caçada, guerreiros se reuniam pra festejarem. Era comum que os guerreiros relatassem seus feitos, e assim, os outros decidiam quem tinha se saído melhor e que levaria a parte de campeão, ou seja, a melhor parte da caça.


Hábitos funerários

     Os celtas acreditavam numa vida pós morte. Os mortos eram enterrados com o que possuíam para que pudessem estar preparados para viagem ao Outro Mundo. As escavações arqueológicas de túmulos celtas  são ricas informações sobre seus hábitos culturais.


          No enterro de um guerreiro celta, sua espada e escudo eram colocados sobre seu corpo. A lança era partida em duas partes assinalando para morte em combate.


          A cremação também era usada. O corpo era colocado em uma pira funerária e procedidos os rituais de cremação e honras. As cinzas eram colocadas em uma urna dentro do túmulo, junto com outros artefatos, como os torques.




Representação do túmulo do príncipe de Hockdorf - Alemanha

     Chefes eram enterrados com comida, vinho, armas, roupas e joias. Muitos túmulos erma marcados por uma elevação de terra. No norte da França e em Yorkshire, Inglaterra, foram encontrados chefes enterrados com suas bigas, arreios dos cavalos que as puxavam.



Tumba, onde eram depositados restos mortais. Estrutura muito comum por toda Irlanda.

Hábitos culturais


     Os celtas eram bons criadores de animais de corte. Eram também exímios treinadores de cavalos. Isso fazia com que as competições de corridas de cavalos fossem frequentes. O cavalo também era um animal sagrado para os celtas.



          Os celtas praticavam comércio. Começou na região do sul da Alemanha, nos primórdios dos celtas, com os gregos, mas eles também comercializavam com tribos vizinhas outros povos de culturas diferentes das regiões que habitavam e, mais trade, com os romanos.



          As roupas celtas eram confeccionadas normalmente pelos próprios tecelões da tribo. Eram normalmente feitos de lã, em variadas tramas e padrões. Também usavam peles de animais. O xadrez de muitas roupas celtas era também uma espécie de marca da tribo.


Arte celta

"A arte celta é arrebatadora. Os característicos entrelaçados, com seu ir e vir infinitos, parecem seduzir nossos olhos e conduzi-los por uma dança que inebria os sentidos e desperta a alma. Seja nos manuscritos medievais irlandeses ou nas intricadas peças em metal da Idade do Ferro europeia, a arte celta se mostra sempre fascinante, sendo costumeiramente descrita como uma das maiores da Europa pré-clássica."

Texto retirado de: www.claudiocrow.com.br


Peças encontradas no tumulo de Hockdorf

          Como ressalta a Profa. Juliette Wood, estudiosa da arte celta, o principal componente da arte celta é a natureza e suas formas. Figuras vegetais, zoomórficas e antropomórficas se fundem num contínuo hipnótico: a retratação não é objetiva e realista como na arte clássica, mas subjetiva, sutil, surreal, quase bizarra. Até os mais mundanos objetos - espadas, escudos, caldeirões, jarros, cintos e elmos ganhavam uma aparência por si só épica e engrandecedora.

Barco, peça de decoração - Museu de Dublin


              Eram exímios no trabalho com metais, tanto que as peças e utensílios confeccionados pelos celtas circulavam em toda Europa Ocidental. A caldeiraria é um notável exemplo da eminência céltica na metalurgia.


Caldeirão de Gundestrup

           O Caldeirão de Gundestrup é um artefato religioso encontrado em 1891 em Himmerland, Dinamarca. O caldeirão foi encontrado desmontado em várias partes: cinco longas placas retangulares, sete menores e um prato redondo. Cada uma das placas foram feitas de 97% de prata pura e preenchidas com várias figuras de animais e divindades pagãs. Sophius Müller (1892) conseguiu reconstruir o caldeirão usando as placas e o prato, formando o caldeirão que conhecemos hoje.



Joias
          Os celtas eram vaidosos, usavam piercings, brincos, braceletes, broches, aneis e ornamentos de cabelos. Um exemplo da ourivesaria celta é o torque, uma espécie de colar aberto na frente. Os desenhos e espessuras dos torques demonstravam um certo prestígio na tribo.







        O tesouro de Snettisham, Norfolk (Inglaterra), é considerado o maior achado arqueológico da Idade do Ferro no Reino Unido. As primeiras escavações foram em 1948, seguidas por outras em anos diferentes, sendo que a última ocorreu em 1991.






Outros artefatos





Inventário de peças encontradas em rios europeus, período La Tene.



Arte na guerra



          Escudo de Battersea. Escudo de bronze celta do período La Tene, extraído do rio Tâmisa em 1857. Estava ao lado de outras armas e esqueletos (alguns romanos) e como foi provavelmente feito para fins cerimoniais é possível que tenha sido jogado ao rio como parte de um rito fúnebre entre os séculos 1 a.C. e 1 d.C.. 








Deuses e heróis








Moedas



 Moeda com desenho de um javali, tribo dos Icenis - Inglaterra