Origem e expansão da sociedade celta

Origem e expansão da sociedade celta

Territórios e grupos étnicos

Celtas é a designação dada a um conjunto de povos organizados em múltiplas tribos, pertencentes à família linguística indo-europeia que se espalhou pela maior parte do oeste da Europa a partir do segundo milênio a.C..

          A primeira referência histórico-literária aos celtas foi feita pelo historiador grego Hecateu de Mileto no século VI a.C.. O termo celta vem de keltoi (Κελτοί), do grego, que significa bárbaro. Os historiadores gregos e romanos descrevem os celtas como brigões e barulhentos. Festeiros e alegres. Gostavam de comida e bebida farta. Homens e mulheres eram altos e fortes. Cuidavam do peso e da saúde. Eram vaidosos. Tinham o hábito de se tatuarem. Os homens usavam barba e bigodes. Os cabelos podiam ser compridos ou curtos. Em algumas tribos celtas, os homens passavam nos cabelos uma mistura de giz e água para torná-los rígidos e eriçados, principalmente em períodos de guerra, quando também se pintavam de azul ou branco.

 

Período Hallastatt

          Por volta de 1.200 a 700 a.C. desenvolveu-se a cultura Hallstatt, na Áustria e sul da Alemanha, espelhando-se pela França, Espanha, Portugal e Grã-Bretanha. A cultura Hallstatt é dividida pelos arqueólogos em quatro fases: Hallstatt A e B correspondem à Idade do Bronze tardia (circa 1200–800 a.C.), enquanto Hallstatt C se refere ao início da Idade do Ferro (circa 800–600 a.C.) e é caracterizada pela primeira aparição de espadas de ferro em meios a outras de bronze.  Quanto à fase final, Hallstatt D, somente adagas foram encontradas nos túmulos que vão de circa 600–500 a.C.. Existem também diferenças na cerâmica e nos broches. As obras de arte incluem joalheria elaborada, feita de bronze e ouro, e estátuas de pedra, como o famoso Guerreiro de Hirschlanden.

Guerreiro de Hirschlanden

Período La Tène

          A cultura La Tène surgiu nas proximidades do Rio Reno por volta de 500 a.C. e espalhou-se pelo Leste até a Hungria e a Suíça, e para Oeste até a França, Espanha, Portugal e ao Norte Grã-Bretanha, Irlanda, Escócia. Este período continuou as tradições dos antigos povos celtas, mas com influências dos gregos, etruscos e persas.

Sítio arqueológico em Heuneburg

Podemos dividir as tribos celtas em três principais grupos:

Gália (Cisalpina e Transalpina)

Ibéria

Grã Bretanha

Obs.: Há centenas de tribos espalhadas por estas regiões. Elas migravam para outras regiões levando suas características e nomes.

Mapa da expansão

Fontes de pesquisa

Fontes de pesquisa.

Antropologia, arqueologia, filologia e linguística, história das religiões, comparativismo, documentação e etnografia.

Antropologia

É uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado das características do ser humano. É um termo de origem grega, formado por “anthropos” (homem, ser humano) e “logos” (conhecimento).

—  Estudo racial.

—  Celtas – raça branca.

—  Hábitos e línguas.

—  “A História nunca se repete da mesma forma e em condições absolutamente idênticas.” (in: A civilização celta – Françoise Le Roux e Christian J. Guyonvarc’h)

Arqueologia

 

Ciência que, utilizando processos como coleta e escavação, estuda os costumes e culturas dos povos antigos através do material (fósseis, artefatos, monumentos etc.) que restou da vida desses povos.

—  Critério mais claro, mais preciso (inclusive com os avanços tecnológicos e científicos).

—  Várias descobertas arqueológicas da Alemanha à Escócia com traços similares de sepultamento, habitação etc..

Filologia e Linguística

 

 

A filologia e a linguística têm o mesmo objeto de estudo: a língua. No entanto, estas duas ciências também apresentam diferenças, porque enquanto a linguística tem o seu foco mais na língua na sua vertente prática, a filologia se concentra na reconstrução de textos literários antigos.

—  Dificuldades: os povos celtas não tinham língua escrita.

—  Linguagem simbólica, pictórica.

—  Traços estruturais comuns ao nível da fonologia, vocabulário dentre as línguas descendentes.

—  Nomes de Deuses, nomes de famílias e de lugares. (antroponímia e toponímia)

Toponímia (alguns nomes de lugares dos quais ouviremos falar).

 

 

—  Germânia (Terra vizinha) - Alemanha (Terra de todos os homens)

—  Gália  (Terra dos fortes) – França

—  Aquitânia - França

—  Helvétia (Rico em terras) – Suíça

—  Lusitânia (Terra dos lusos –celtas) – Portugal

—  Hispânia – Espanha

—  Ibéria – (Do Rio Iber, hoje Rio Ebro na Catalunha) -Espanha

 

—  Britânia (Terra dos pintados – pritani) – Grã Bretanha – Inglaterra (Terra dos anjos)

—  Caledônia – Escócia

—  Gales (Wales – estrangeiros) – País de Gales

—  Hibérnia (Terra do inverno) - Irlanda

História das Religiões

 

 

Religião é um conjunto de princípios, crenças e práticas de doutrinas religiosas, baseadas em interpretações sagradas, que unem seus seguidores numa mesma comunidade moral.

Nesse universo agem textos sagrados, deuses e deusas.

—  Mitologia comparada.

—  Estudos de hábitos sagrados: sacrifícios, cerimoniais etc.

—  Presença de sacerdotes e sacerdotisas (citados por historiadores da época).

—  Folclore e etnografia.

Comparativismo

 

Estudo de aproximações de hábitos, habitações, linguagens, documentos etc., em diversas épocas e regiões.

As descobertas arqueológicas são fontes de estudos comparativos.

—  Comparações feitas a partir de descobertas arqueológicas e outros estudos trouxeram semelhanças de hábitos, linguagens etc. em lugares diferentes, porém nas mesmas épocas.

Documentação e Etnografia

 

Documentação é qualquer registro relacionado à existência de uma civilização.

A etnografia é uma linha de estudo da antropologia que se ocupa com a investigação de documentos, sejam eles históricos ou culturais.

Etnografia tenta entender as pessoas, não suas personalidades, aspectos psicológicos ou movimentos sociais, mas as pessoas como seres embutidos em ‘redes de significado’. É pensar nas pessoas da mesma maneira como elas se identificam. É o estudo descritivo da cultura dos povos, sua língua, raça, religião, hábitos etc., como também das manifestações materiais de suas atividades. É a ciência das etnias. Do grego ethos (cultura) + graphe (escrita). A etnografia estuda e revela os costumes, as crenças e as tradições de uma sociedade, que são transmitidas de geração em geração e que permitem a continuidade de uma determinada cultura ou de um sistema social.

—  Imprecisão dos registros históricos.

—  Interpretações pessoais.

—  Relações comerciais.

—  Diferenças culturais.

—  Alguns historiadores que citaram os celtas: César, Tito Lívio e Tácito entre os latinos. Estrabão, Diodoro, Ptolomeu e Heródoto, gregos.

                                                          César

 

 

—  Os celtas são referidos pela primeira vez na literatura grega por Hecateu de Mileto. Da sua obra sobrevivem fragmentos muito curtos sobre os celtas: escreve que o país celta fica perto de Massália, uma colônia de comerciantes gregos e refere-se a Narbona como cidade de comércio celta e a Nirax como cidade celta.

 

 

Mapa de Hecateu

“A história é restrita (e estrita), por isso não devo acreditar nos limites que a história me impõe.  (Iggy Pop)

 

 

Concluímos que tentar conhecer os celtas apenas pelo fator histórico é um grave engano. Para uma investigação mais completa e segura devemos variar nossas fontes e estudos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Calendário

Proposta do curso e calendário

Objetivo do curso

—  Dar noções sobre a sociedade celta, sua cultura, religião, organização social. Expansão e declínio.

—  Fomentar o interesse por outras fontes de estudo.

—  Trazer os conhecimentos celtas e aplicá-los na atualidade.

Conteúdo

—  05 de agosto: apresentação da proposta do curso e do conteúdo

—  12 de agosto: fontes de pesquisa (antropologia, arqueologia, filologia e linguística, história das religiões, comparativismo, documentação, etnografia).

—  18 de agosto: origem e expansão (territórios e grupos étnicos).

—  25 de agosto: grupos celtas (estrutura dos clãs na Europa).

Observação: excepcionalmente, as aulas 3 e 4, dos dias 18 e 25, serão às quintas-feiras.

—  02 de setembro: organização social  e estrutura familiar.

—  09 de setembro: hábitos culturais e artes.

—  16 de setembro: religião (druidas, bardos e ovates).

—  23 de setembro: lugares sagrados (celtas?) (Stonehenge, Colina de Tara, Newgrange).

—    29 de setembro: apresentação do documentário Os celtas (BBC de Londres).

—  07 de outubro: organização bélica (formação de guerreiros).

—  14 de outubro: apresentação do filme Boudicca: a rainha da era de bronze.

—  21 de outubro: continuação da apresentação do filme

—  28 de outubro: celtas ilustres (reis, guerreiros e heróis).

—  04 de novembro: decadência da sociedade celta.

—  11 de novembro: império romano e sociedade celta.

—  18 de novembro: descobertas arqueológicas  interessantes.

—  25 de novembro: finalização do curso, indicação de bibliografia, documentários.

Observações

—  Datas e conteúdos podem ser alterados ao longo do curso conforme necessidades.

—  Material como slides e textos poderão ser solicitados por  e-mail: silvialoose@gmail.com

—  Por conta da extensão do tema, mitologia celta será assunto para um outro curso, mas não deixará de ser citado, porém, vagamente.

—  As aulas acontecerão todas as sextas-feiras no horário das 12h10 às 13h, portanto, para o bom andamento da aula, pede-se evitar atrasos.

—  Não será permitido comer na sala.

—  Pede-se evitar conversas paralelas. Aproveite o curso.

—  Questionamentos são bem vindos, mas podem atrapalhar o fluxo da aula, portanto, faça-os no final da aula.

Go raibh maith agat, mo cara
Muito obrigada, meu amigo